segunda-feira, 29 de agosto de 2011

                             
Ok: Você quer encontrar alguém bonito, inteligente e espirituoso, alguém que não seja muito exibido nem vaidoso demais, que tenha um papo cativante e esteja disponível. Mas e se beijar mal? Sem chance. Tem que beijar bem. Beijo é a sorte de duas bocas entrarem em comunhão. Pessoas não beijam bem ou mal: casais se beijam bem ou mal. Há sempre dois envolvidos. Beijo bom é beijo decidido, mesmo que a decisão seja levá-lo devagar ao longe. Beijo bom é beijo sem pressa, que não foi condenado pelos ponteiros do relógio, que se perde em labirintos escuros já que, é bom lembrar, estamos de olhos fechados. Beijo bom é beijo que você não consegue interromper nem que quisesse. Beijo bom é beijo que não permite que seu pensamento tome forma e voe para outro lugar. Existe beijo ruim? Existe. Beijo sem alma, beijo educado demais, beijo cheio de cuidados, beijo curto, beijo seco. Mas uma coisa é certa: precisa dois para torná-lo frio ou torná-lo quente. Todo mundo pode beijar bem, basta nossa boca encontrar com quem sabe que beijo bom é aquele que parece sonho...que tira nossas defesas e dá o aval pro que está por vir!
                                  


Quando a primavera chegava, mesmo que se tratasse de uma falsa primavera, nossos problemas desapareciam, exceto o de saber onde se poderia ser mais feliz. A única coisa capaz de nos estragar um dia eram pessoas, mas se se pudesse evitar encontros, os dias não tinham limites. As pessoas eram sempre limitadoras da felicidade, exceto aquelas poucas que eram tão boas quanto a própria primavera.

Ernest Hemingway, em “Paris é uma Festa“